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4.5.07

AMIZADE COLORIDA

Amizade colorida é o nome usado no Brasil para definir um tipo de relacionamento aberto no qual há algum tipo de interacção sexual entre os envolvidos, seja em carícias típicas de namoro como beijos na boca, seja com relações sexuais. A amizade colorida difere da amizade tradicional (analogamente conhecida como amizade preto-e-branco) no sentido em que há intimidade física dos envolvidos. Este tipo de relacionamento difere do namoro tradicional porque não há compromissos um com o outro, como o de fidelidade. De facto, um amigo colorido pode até auxiliar o outro envolvido a conseguir novos parceiros de relacionamento casual, embora isto ocorra numa minoria dos casos. In Wikipédia

A definição que encontrei na Wikipédia parece-me quase perfeita. Acrescentaria apenas que a expressão também é comummente utilizada por quem não sabe que nome dar à sua relação. Ah! E que o termo não é apenas usado no Brasil.

Já tive oportunidade de conhecer – tanto a título pessoal, como profissional – várias pessoas que viveram (algumas ainda vivem) a experiência da amizade colorida. Cada caso é único e, por isso, algumas dessas relações deram origem a namoros “tradicionais”, outras não passaram de um “caso” e outras… bem, é precisamente sobre as outras que gostaria de me deter.

Não vale a pena negar que o desprendimento associado a uma relação deste tipo não é comum em igual medida nos dois géneros. E até há uma explicação simples para esta evidência: a generalidade dos homens encara a intimidade sexual como um passo anterior à intimidade emocional, pelo que, para a maior parte, uma relação baseada na componente física/sexual é viável e não implica qualquer envolvimento emocional; mas, para a generalidade das mulheres (há excepções, claro) a intimidade sexual sucede quase sempre a algum tipo de envolvimento emocional. Ora, é precisamente nesta possível discrepância que reside o meu cepticismo em relação a algumas “amizades coloridas”.

Dos casos que conheço, há uma boa parte em que as mulheres se assumiram como pessoas seguras e decididas apenas como forma de camuflar as suas emoções. Nesses casos, o receio (consciente ou não) da ruptura e/ou a falta de auto-estima constituem factores que favorecem uma certa passividade, que se traduz pela aceitação das regras do jogo, ainda que isso não corresponda aos seus reais interesses.

É como se houvesse uma secreta esperança de que, mais tarde ou mais cedo, tudo mude, ele mude, os sentimentos dele mudem…

Algumas proferem frases que só convencem os mais desatentos, do tipo “Não estou apaixonada” ou “Agora quero curtir”. Contudo, quando são instigadas a falar abertamente sobre as suas expectativas, sonhos ou inseguranças, podem revelar-se muito mais envolvidas emocionalmente.

Como a gestão das nossas emoções não depende, apenas, das aptidões cognitivas, esta situação acaba por atingir pessoas consensualmente consideradas inteligentes.

Percebo perfeitamente que uma situação de debilidade emocional (provocada por uma fraca auto-imagem, por uma ruptura dolorosa ou pela falta de alguém que goste de nós) possa constituir terreno fácil para o aparecimento de uma teia destas. Mas valerá a pena? Afinal, o fim da história repete-se vezes de mais: ele parte para outra, ela fica desolada. As características de um ciclo vicioso parecem-me evidentes.
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